Acompanhando as previsões para 2025 feitas pelos profissionais do mercado, é fácil perceber que a tokenização de ativos deve ganhar ainda mais força no mercado financeiro neste ano.
Mas um passo essencial para todos nós – e um desafio particularmente instigante para mim – é ajudar as pessoas a compreenderem o que acontece por trás dessa inovação.
Para o artigo de hoje, decidi trazer respostas para uma pergunta objetiva e muito comum: Afinal de contas, como um ativo se transforma em um token dentro da blockchain?
A resposta passa pelo código. Mas, a programação de um token de ativo não é apenas um detalhe técnico, mas sim a espinha dorsal de toda essa revolução.
Vamos juntos entender melhor como funcionam essas engrenagens?
O token vai além da digitalização
Muitos ainda veem os tokens como meras representações digitais de ativos tradicionais, mas eu adianto que é uma visão limitada nos dias de hoje.
A verdadeira inovação está na capacidade de programar regras diretamente no ativo digitalizado.
Diferente de um contrato tradicional, onde as regras precisam ser interpretadas e executadas por intermediários, um token programável é autoexecutável, eliminando parte da burocracia e aumentando a eficiência.
Na prática, isso significa que um token pode carregar consigo todas as condições do ativo que representa: regras de liquidação, restrições de negociação, lógica de pagamento de dividendos ou cupons, entre diversas outras características que, em um ambiente tradicional, exigiram muitas interações manuais.
Tudo isso é aplicado em código para garantir o funcionamento das operações financeiras que já conhecemos com muito mais eficiência e muito menos erros!
O coração da programação: contratos inteligentes
Por trás de cada token há um (ou mais) contrato inteligente – um conjunto de códigos que define como ele se comporta na blockchain.
Se estivermos falando de Ethereum, por exemplo, essa programação é feita em Solidity, uma linguagem voltada para blockchain.
Outros protocolos, como a Solana e a Avalanche, possuem suas próprias abordagens, mas o princípio é o mesmo: criar regras imutáveis para garantir segurança e transparência.
Entendo que um aspecto que merece atenção é a segurança do código. Uma vez que um contrato inteligente é implantado na blockchain, ele se torna imutável.
Sendo assim, qualquer erro ou vulnerabilidade pode ser explorado indefinidamente. Na tokenização de ativos financeiros, isso é ainda mais sensível. Imagine um token de recebíveis com uma falha que permita a duplicação de unidades?
O impacto seria catastrófico. Por isso, auditorias rigorosas e padrões de desenvolvimento, como o uso de bibliotecas auditadas do Open Zeppelin, são essenciais.
Tokenização de ativos financeiros: desafios e oportunidades
No mercado financeiro, os tokens podem representar desde títulos de dívida até participações em fundos e imóveis.
O desafio, porém, está na conexão entre tecnologia e regulação. Se, por um lado, a blockchain traz transparência e eficiência, por outro, os contratos inteligentes precisam ser estruturados de forma a respeitar as normas vigentes.
Exemplo prático? Em uma emissão de TIDC (Token de Investimento em Direitos Creditórios), a programação do token precisa incluir restrições para garantir que apenas investidores qualificados tenham acesso a determinadas séries.
Isso significa que a lógica do contrato deve contemplar funções de compliance on-chain, integrando, por exemplo, verificações de identidade (KYC) e regras de governança.
Além disso, existe a questão da interoperabilidade. No futuro, tokens de diferentes blockchains precisarão interagir sem fricção.
Hoje, muitos projetos estão caminhando para soluções de cross-chain, permitindo que ativos tokenizados em Ethereum possam ser utilizados em outras redes, como a Polygon ou a Binance Smart Chain.
Programação de tokens: um mercado que ainda está só começando
A programação de um token de ativo na blockchain não é apenas um detalhe técnico.
Ela define como o ativo será usado, transferido e garantido no ambiente digital.
Estamos falando de uma nova infraestrutura para o mercado financeiro, onde regras são transparentes e executadas sem intermediários desnecessários.
Porém, ainda temos muito a evoluir. O mercado regulatório, como sempre falamos por aqui, ainda está se adaptando, as tecnologias continuam amadurecendo e os desenvolvedores seguem refinando os contratos para tornar a tokenização mais segura e eficiente.
O que é certo, no entanto, é que o futuro e o presente dos investimentos passa por essa transformação. Você já está pronto para ela?
Nas minhas redes sociais (@DanielCoquieri) e na minha página do Linkedin, a gente continua a conversa sobre esses e outros assuntos que abordam as transformações na forma como lidamos com investimentos e tecnologia. Espero vocês por lá! Até a próxima!
Sobre o autor
Daniel Coquieri é CEO da empresa de tokenização de ativos Liqi Digital Assets. Empreendedor do ramo da tecnologia, foi fundador da BitcoinTrade, uma das maiores corretoras de criptomoedas do Brasil.
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